CRASHDIET – Teatro Odisséia, RJ (03/10/2010)
O Teatro Odisséia, no Rio de Janeiro, recebeu nesse último domingo a banda de hard rock mais importante da última década: Crashdïet!
Eles já tinham tocado no Brasil em 2008, num show matador, com o vocalista anterior Oliver Twisted, mas só passaram por São Paulo. Dessa vez, os suecos estavam pela primeira vez na Cidade Maravilhosa e muitos tiveram a chance de finalmente ver seus ídolos de perto.
Eu acompanho os caras desde o início. Lembro de quando lançaram o primeiro álbum e viraram sensação no underground. Nenhuma banda de hard rock nos anos 2000 foi tão influente com a garotada. Caminhando pelo show, dava para perceber nas roupas e nos cabelos dos fãs, que realmente se inspiram neles e trazem aquilo como estilo de vida. É só olhar em volta e pensar em quantas bandas o Crash influenciou nos últimos anos, seja em termos de som, visual ou atitude.
Simon Cruz passou na prova do palco e agradou em cheio aos fãs antigos. O cara tem um visual animal e uma presença de palco visceral. Ele combinou totalmente com a banda. É como se tivesse iniciado com eles. E não vacila e nem deixa a desejar nas músicas antigas. Comprovamos isso em “In The Raw”, primeiro momento mágico do show, com o público agitando bastante e cantando o refrão junto. Início sensacional com três músicas fortes, sem tempo para respirar.
“Riot In Everyone” foi especial. Lembrei de todas as noitadas, festas, viagens com amigos, onde ela era a trilha sonora. Os anos de 2005 e 2006 tiveram o “Rest In Sleaze” como um dos discos mais tocados em tudo que participei. Marcou uma época. Amigos antigos se aproximavam, trocavam um abraço e nada precisava ser dito. Foi o hino de uma geração. Minha geração é anterior, mas como eu nunca deixei de viver o underground intensamente, peguei a geração dessa época também.
Ele estava certo. É sempre muito legal ver ídolos antigos tocando velhos sucessos em final de carreira, mas nunca é a mesma coisa que ver os caras no palco em seu auge, com toda energia e atitude, com vontade de vencer, rebeldia sem causa, paixão pelo rock´n´roll. É mágico, não dá pra definir.
O mais foda do Crash, é que quando eles surgiram, trouxeram tudo aquilo que eu queria ver numa banda: hard rock pesado, visual agressivo, letras rebeldes e tudo feito na melhor forma “old school”. Nada de coisas moderninhas ou “atualizadas”, que estavam rolando na época e a gente engolia e achava sem sal. Era o “hard moderno”. Besteira. Aí surgiram os caras: cabelos loiros, calças de couro, botas, influência da nata e da raiz do estilo. O Crashdïet salvou o hard rock! Que orgulho que eu tenho desses caras!
“Armageddon”, “Bound To Fall” e “Chemical” foram uma ótima sequência de sons novos. Mostrando que a banda ainda tem muita lenha para queimar e que a atual formação está mais afiada do que nunca. A receita musical deles é simples: hard rock cru, direto, pesado e sem frescuras. Músicas curtas e com refrão forte. Virtuosismo não é preciso para fazer o som que a molecada quer ouvir, muitas vezes até atrapalha.
Com o público na mão e a festa garantida, “It´s a Miracle” foi festejada e os sorrisos nos rostos imperavam no Odisséia.
O final apoteótico já era esperado: “Tikket” “Queen Obscene / 69 Shots” e “Generation Wild”, o novo hino da banda. À essa altura eu pulava como criança, estava suado e descabelado como há tempos não ficava num show.
Texto: Thiê Rock
Fotos: Diego Padilha e Andrei Maurey