GRAVE DIGGER – Ilha dos Pescadores, RJ (22/07/2011)

A Ilha dos Pescadores está se transformando em um ótimo espaço para shows de rock/metal. Após o sucesso do show da Doro, o local recebeu na noite chuvosa da última sexta-feira, uma das mais tradicionais bandas da história do heavy metal, o Grave Digger.

O Grave fez bastante sucesso no meio metal por aqui, principalmente na segunda metade dos anos 90, com álbuns como “Tunes Of War” e “Excalibur”. A média de idade dos presentes era algo em torno dos 30 anos, mas dava pra perceber alguns mais velhos que acompanham a banda desde os anos 80, época de discos clássicos como “Heavy Metal Breakdown” e “Witch Hunter”. Boa parte dos fãs estava uniformizada com camisas oficiais, o que mostra o bom trabalho realizado junto ao merchandising da banda alemã.

Por volta de 22:30h, o tecladista fantasiado Hans-Peter Katzenburg, entra no palco e começa a introdução “Days Of Revenge”. A pesada “Paid In Blood”, do último cd “The Clans Will Rise Again”, faz o público ir ao delírio. Chris Boltendahl entra no palco com sorriso no rosto, demonstrando prazer por estar no Rio pela primeira vez, sendo saudado por todos.

A clássica “The Dark Of The Sun” vem na sequência e faz todo mundo cantar e bater cabeça. Riff poderoso e refrão forte. Público feliz e mais uma do cd recente é tocada: “Hammer Of The Scots”. O clima metal toma conta do lugar. Início de show arrasador.

“Killing Time” do “Tunes Of War” foi uma ótima surpresa, talvez a mais inesperada da noite. Essas quatro primeiras músicas foram todas muito agitadas, demonstrando uma banda segura e entrosada. A voz rouca de Chris estava poderosa e em forma, como sempre. Jens Becker no baixo e Stefan Arnold na bateria formavam uma “cozinha” muito forte, com ótima pegada. Acho Jens mais discreto no Grave Digger do que na época de Running Wild. Não em termos de presença de palco e carisma, pois nisso ele arrebenta, mas em termos de arranjos, ele é mais cru e direto no Grave, sobressai menos, mas é sempre preciso. Stefan é perfeito nas levadas mais power metal e sempre pede interação do público batendo as baquetas.

Axel Ritt fez um excelente trabalho de guitarra no último cd (que pra mim é o melhor deles nos últimos 10 anos), seu álbum de estréia, mas sinto falta da precisão e segurança do ex-guitarrista Manni Schmidt na hora dos solos. Mas, Axel arrebenta nos riffs e tem uma presença de palco forte.

Chris anuncia a próxima música como sendo uma bem triste: The Ballad of Mary (Queen of Scots), a primeira balada da noite. Chris mostra sua versatilidade, com vocais limpos e emotivos. Belo arranjo, minha balada favorita deles. O clima épico quando Chris pronuncia “Silence… silence everywhere” faz você viajar pelos campos escoceses.

Esse início de show foi voltado para músicas relacionadas à Escócia. “Highland Farewell” é recente, tem videoclipe e já é familiar do público. O clima escocês dela aliado a um instrumental heavy metal de primeira, mostrou uma das melhores composições deles nos últimos anos.

Outra surpresa foi “The Bruce (The Lion King)”. Ela é bem pesada e arrastada e deu uma freada no clima acelerado da anterior. Mostrou o cuidado na seleção do repertório, para que músicas de diferentes formatos fossem apresentadas.

O hino “Rebellion (The Clans are Marching)” foi entoado por todos. Ela é a música mais marcante da volta do Grave Digger nos anos 90, e todos os presentes sabiam seu refrão de cor. Quando Jens Becker começou a sua introdução, o público já entrou em êxtase. Seu riff é matador e muito empolgante. Todos pulando e gritando “Hey! Hey! Hey!”. Celebração ao metal. Deu gosto de ver e fazer parte disso.

Encerrada a parte escocesa do show com chave de ouro, agora o Grave Digger partiu para sucessos de toda a carreira deles. “Ballad Of A Hangman” do álbum anterior, foi grande destaque, com o público participando de forma intensa no refrão. Antes de “Morgane Le Fay”, Chris a ofereceu para algumas mulheres no show. Mais uma bela interpretação vocal, com voz limpa interpretando a personagem da música. O instrumental dela também é bem caprichado. Uma das melhores músicas da carreira deles.

Relembrando o álbum “Rheingold”, eles tocaram a ótima “Twilight of the Gods”. A platéia acompanhou a melodia do riff com o clássico “ô-ô-ô-ô-ô”. Durante esta, eles fizeram um medley com outras duas músicas do álbum “Heart Of Darkness”: “Circle Of Witches” e “The Grave Dancer”. As duas são excelentes e a empolgação foi enorme durante o refrão delas. Confesso que gosto tanto da “Circle Of Witches”, que queria ter a ouvido inteira, mas com uma carreira tão extensa como a deles, com tantos álbuns, já valeu pela citação e lembrança.

A cadenciada “The Last Supper”, do álbum homônimo, colocou todo mundo pra cantar junto. Ela tem uma letra interessante que conta os últimos momentos da vida de Jesus Cristo.

Um dos momentos mais marcantes do show foi na música “Excalibur”. Ela é bem agressiva, e é popular entre os fãs. Um belo convite a um torcicolo! (risos) Riff de guitarra sensacional e platéia bangueando em rodas e cantando o refrão, feliz da vida. Foi o melhor solo de Axel na noite. Nessa, ele foi impecável. Um fã levou uma espada de plástico para o show e Chris a ergueu, brincando, em homenagem à música. Foi um momento muito descontraído da noite.

“Knights Of The Cross” começou com a bateria animalesca de Stefan e a alegria dos fãs era contagiante. A letra faz crítica aos cavaleiros das cruzadas e às atrocidades que cometeram em nome de Deus. O público cantou forte, principalmente a parte “Knights, knights of the cross, murder, murder”. A banda se despede para um breve descanso.

Voltam com a clássica balada “Yesterday”. É uma música bonita e Chris adora cantá-la. Ela está presente no primeiro álbum, de 1983, mas também ganhou uma regravação em um EP, em 2006.

Depois de um momento mais calmo, o peso volta com “Lionheart”. Riff excelente, heavy metal alemão puríssimo! Rolaram rodas, mas o público não cantou tão forte seu refrão, o que deixou Chris um pouco contrariado. Mas logo o sorriso voltou, pois os fãs não paravam de cantar “olê, olê, olê, Digger, Digger”.

Eu tinha acabado de comentar com um grande amigo, que estava receoso de não tocarem uma de minhas favoritas. Para minha sorte, ela foi a música seguinte: “Valhalla”. Quando Alex puxou seu riff, meu sorriso foi gigante. Isso é metal, meus amigos! A banda se despede, mas sabíamos que rolaria bis.

Voltam tocando uma das preferidas de Chris, que está sempre presente nos repertórios: “The Round Table (Forever)”. Chris faz o público pular e gritar “Hey! Hey! Hey!”. Ela é ótima para cantar com os punhos acirrados e abraçado aos amigos. O show caminhava para o seu fim, mas apresentação do Grave Digger tem que ter o maior hino deles.

“Heavy Metal Breakdown” colocou fogo na casa. Seu riff típico dos anos 80, empolga qualquer um. A letra simples, inocente e de celebração ao metal, fez a festa dos fãs. Chris era só sorrisos e colocou todo mundo pra cantar o refrão à plenos pulmões. Final matador. É claro que faltou muito som legal como algum do ótimo “The Reaper” ou a clássica “Witch Hunter” que foi pedida pelo público, mas foram mais de vinte músicas. Tenho certeza que todos os fãs saíram muito felizes. Chris Boltendahl é uma lenda viva do heavy metal e foi um enorme prazer vê-lo detonando no palco.
Texto: Thiê Rock
FotosDaniel Croce
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