GREEN DAY – Father of All…, 2020
5 de Fevereiro de 2020
O Green Day teve uma ideia do que fazer em seguida: “Vamos fazer uma bagunça”. Estas foram as quatro palavras proferidas por Billie Joe Armstrong, Mike Dirnt e Tré Cool quando entraram na sala de ensaios para começar a trabalhar nisso, o acompanhamento da Rádio de Revolução de 2016. Era uma mentalidade ousada, considerando todas as coisas. Esse álbum não apenas marcou o retorno musical após o triplo golpe de ¡UNO !, ¡DOS !, ¡TRE !, também foi um sucesso colossal, combinando a fórmula aassinada pelo Green Day de sincera e pronta para punk rock bangers com uma cosmovisão pós-‘American Idiot’. Teria sido um projeto que vale a pena repetir no ‘Father of All…’. Em vez disso, o trio de Oakland descartou tudo isso em favor de algo totalmente mais divertido, travesso e – de fato – bagunçado.
Você já sentiu isso se ouviu a faixa principal e a faixa-título, é claro. Das palmas excessivas e dos falsetes inspirados em Billie Joe, é um sinal do que está por vir, pois abre o álbum do Green Day mais surpreendente e potencialmente divisivo de todos os tempos. É o lançamento mais curto de sua carreira até agora, com apenas 26 minutos de duração, mas também os encontra assumindo e divulgando mais idéias e gêneros musicais do que nunca. No papel, isso soa como um desastre. No registro, porém, o Green Day nunca gostou mais de um desafio.
O mais importante de tudo, ‘Father of All…” é cheio de atitude. Billie Joe citou o ícone do hip-hop Kendrick Lamar como uma inspiração desta vez, o vocalista quer imitar a abordagem real e crua do cantor para contar histórias. E como ele confessa: ‘I wanna drink all the poison in the water / I wanna choke like a dog that’s on a collar‘, na ‘Sugar Youth’, grita um pouco corajoso: ‘You can take a walk or you can suck my cock‘, em ‘Take The Money And Crawl’, é evidente que ele não esconde nada. Mais frequentemente, suas letras adotam um ponto de vista autobiográfico sombrio, remontando aos dias do lançamento do LP de Dookie em 1994 e do seu duro e rápido acompanhamento de 1995, Insomniac. De fato, além do título sugestivo do álbum, não há nada abertamente político a ser encontrado nessas 10 faixas, pois o vocalista se concentra em se sentir fora de controle dentro de seu próprio corpo, além de observar o caos da vida ao seu redor (“Eu não tiro nenhuma inspiração do Presidente dos Estados Unidos”, disse Billie Joe a Kerrang!. No ano passado, “Trump me dá diarreia, sabia?”).
E é quando o Green Day soa mais desequilibrado que eles estão no seu melhor. O refrão em ritmo acelerado da mencionada ‘Sugar Youth’ e a explosiva ‘Stab You In The Heart’ são destaques instantâneos, ostentando uma energia inebriante e inescapável entre os riffs. Mas isso não é de forma alguma simples rock’n’roll, já que a banda se envolve em soul e Motown (‘Stab You In The Heart’) e glam (‘Oh Yeah!’), entre os habituais rock de garagem e punk (‘Fire, Ready, Aim’) Há melodias vintage de Billie Joe espalhadas por toda parte, com a doce ‘Meet Me On The Roof’ e a faixa final ‘Graffitia’ mostrando esse talento sempre fácil e quase inofensivo para o seu trabalho.
De muitas maneiras, o Green Day lançou o livro de regras com um som que eles passaram mais de três décadas aperfeiçoando. Eles geralmente provaram ser um grupo imprevisível por natureza (um fato que não é tão celebrado como deveria ser), e ‘Father of All…’ é apenas mais um sinal de uma banda que sempre fez as coisas do seu jeito, recusando-se a fazer o que é esperado deles. E é um ótimo momento do começo ao fim.
AUTOR: Emily Carter
FONTE: https://www.kerrang.com/